Muita gente acredita que proteger o conhecimento é uma tarefa burocrática e custosa, por isso deixa de tomar medidas nesse sentido. Mas é fato que, independentemente da estratégia de negócio, a proteção do conhecimento é fundamental. Mesmo que a empresa adote o modelo de Inovação Aberta, de compartilhamento de informações e conhecimentos, isso deve ser, sim, preocupação dos empresários. E vamos explicar o motivo.

É fato que nas organizações empresariais inovadoras o maior ativo existente é o seu conhecimento. Conhecimento este que será gerado a partir do compartilhamento das informações, dados, experiências das pessoas que ali trabalham. O conhecimento organizacional é gerado, muitas vezes, a partir de vários anos de investimento em trabalho, está ligado a todos os processos de tentativas, acertos e erros, a todo o ambiente propício ao desenvolvimento das ideias, desde a criação até o seu uso. Não se restringem às patentes, aos projetos, aos produtos, aos processos, mas é muito mais amplo do que isso.

Dessa forma, é essencial que as organizações pensem em formas de proteger o seu conhecimento. Essa proteção pode significar evitar que ele se perca sendo disseminado sem controle, por pessoas de dentro da organização mesmo. Pode significar, também, evitar uso impróprio, ilegal ou outras ações ilícitas de terceiros. Muitas são as possibilidades existentes das empresas perderem diferencial no mercado, por não terem protegido adequadamente o seu conhecimento.

Isso acontece mesmo quando a estratégia da empresa é compartilhar esse conhecimento. Mesmo nesse caso, pode-se proteger, para, então, fazer a gestão, ou seja, pensar na melhor maneira de compartilhamento, aquele que surtirá os maiores benefícios possíveis. Exemplo ocorrido recentemente é o caso da Toyota. Segundo notícias veiculadas em diversos sites de notícia, por exemplo, o da Revista Quatro Rodas[1], a Toyota liberou 24 mil patentes de graça às empresas que produzam veículos elétricos e híbridos com a sua tecnologia. A notícia diz que a montadora pretende ajudar a acelerar o desenvolvimento de carros elétricos e, também, que oferecerá apoio técnico gratuito às empresas que produzem veículos elétricos utilizando a tecnologia da Toyota, sejam motores, baterias, ou sistemas de controle.

Claro que a aceleração do desenvolvimento de veículos elétricos pode ser um dos intuitos da Toyota. Mas, também, parece que um dos intuitos da montadora é o de disseminar a sua tecnologia, fazendo com que os desenvolvimentos futuros dos veículos elétricos e híbridos estejam alinhados à sua tecnologia. Ou seja, a Toyota terá um centro de desenvolvimento descentralizado. Aliás, com o apoio técnico gratuito, poderá acompanhar as empresas e os respectivos estágios de desenvolvimento da tecnologia. Essa estratégia de disseminação de tecnologia, que busca ganhos indiretos, já foi utilizada por algumas grandes empresas, como a Intel, Xerox etc. Mas, da mesma forma, existiam estratégias e, mais importante, estratégias de proteção do conhecimento, antes da disseminação.

A patente, por exemplo, pode ser um meio de uma empresa impedir que outros empresários tenham a exclusividade sobre aquela tecnologia, permitindo, então, a propagação dessa tecnologia, sendo ela licenciada, gratuita ou remuneradamente, a outros empresários. Dessa forma, a patente pode ser utilizada como um mecanismo de proteção inverso do que é normalmente propagado. No exemplo da Toyota isso pode ser visto: tendo ela as patentes, impede que outras empresas tenham exclusividade naquela tecnologia e pode montar sua estratégia de disseminar de forma gratuita a tecnologia, sem o perigo de que alguém venha a impedi-la.

Por isso, é essencial gastar um tempo e algum investimento na proteção do conhecimento da sua empresa. Isso pode ser utilizado até como estratégia de marketing da empresa, em que se pode comprovar a sua contribuição no desenvolvido de uma determinada tecnologia. É inegável as contribuições da Apple ou da Samsung no desenvolvimento das tecnologias dos celulares. Isso só é possível constatar, pois provaram, por meio de suas patentes, ou outras proteções contratuais e registrais, a sua expertise na área.


[1] Fonte: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/toyota-libera-24-mil-patentes-de-graca-para-carros-eletricos-e-hibridos/

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